Olá comunidade!
Eu sou a Malu e trabalho com a Julia na Ativa já faz um tempo. Sou professora de Educação Infantil há mais de 20 anos e hoje trabalho com o 1º ano do Ensino Fundamental.
Conheci as Rotinas de Pensamento em 2019, no curso ministrado pela Julia no Instituto Singularidades e serei sincera, era desafiador entender como todo aquele conhecimento poderia se encaixar na realidade de uma sala de Educação Infantil. Também serei sincera que tinha muito da minha insegurança em aplicar uma Rotina de forma errada com meus alunos. Foi só em 2020, quando eu entrei para o time da Ativa, que fui quebrando esses pensamentos, porém eu não estava mais em uma sala de aula. Então eu estava com um turbilhão de ideias e cheia de coragem, mas não tinha mais onde aplicar.
Passado esses tempos, em 2022 eu voltei para sala de aula como Professora substituta do 1º ano do Ensino Fundamental em um Colégio particular aqui de São Paulo e hoje sou professora assistente de uma das turmas. Durante os dois anos passados, desde que entrei neste colégio, tinha trocado muitas figurinhas com minha coordenadora sobre o assunto, fizemos uma breve aplicação de 2 Rotinas com o grupo de professores e me foi lançado o desafio de mostrar ao corpo docente como essas Rotinas estavam acontecendo dentro da sala de aula, com os alunos. Era a oportunidade que eu precisava para entender quais Rotinas se aplicariam com a realidade dos meus alunos: crianças em diferentes estágios da alfabetização.
As Rotinas que eu escolhi para iniciar o trabalho com eles foram: Mapa da Empatia, Ouvir 10X2 e o Cabo de Guerra. Para a aplicação de cada uma delas, foi preciso uma adaptação do que eu havia experimentado como estudante e venho compartilhar aqui uma duvida que ainda está em minha cabeça: será que toda adaptação nas Rotinas é válida? Será que adaptar a forma ou a consigna da Rotina, faz com que o trabalho perca o valor e seu objetivo?
Neste Colégio temos uma aula reservada para o trabalho de Socioemocional com os estudantes, espaço que mobilizamos a reflexão dos alunos sobre suas emoções e sentimentos. Para isso, criamos uma personagem que hoje faz parte da turma e nos auxilia a entender e a falar sobre o assunto. Então levei aos alunos a seguinte proposta: o grupo precisaria construir essa personagem junto, levando em conta algumas informações:
Depois de decidido quem seria a nova amiga da sala, propus construirmos o Mapa da Empatia, pensando nas informações dadas e nas novas características levantadas pelo grupo. Foi ai meu primeiro dilema: como fazer o Mapa de uma forma mais “concreta” para crianças de 6 anos? Quais perguntas eu conseguiria fazer para que eles conseguissem pensar um pouco mais como “Valentina” e não como eles mesmos? Esse exercício, para crianças desta idade é um desafio muito grande e eu sabia que a minha conduta durante a atividade seria essencial para o sucesso da atividade. As perguntas propostas foram: Quais medos que ela tem? O que ela gosta de fazer? O que a deixa feliz? O que a deixa triste? – Vou dizer que me surpreendi com as respostas trazidas, porém já adianto que, mesmo alterando a proposta da Rotina, muito do que apareceu era das vontades e desejos das próprias crianças, o que para a minha atividade também era válido, tendo em vista que o exercício fazia parte da proposta socioemocional e que esses medos e sentimentos seriam explorados ao longo do ano. Deixo abaixo o resultado do exercício:
Essa não foi a única vez que utilizei o Mapa da Empatia com meus alunos. Durante este ano, o Colégio propôs que todos os anos, desde o Infantil até o Ensino Médio, trabalhassem a Gentileza de alguma forma com os alunos. Na nossa turma lemos o livro “A árvore generosa” onde fizemos alguns exercícios sobre a forma que o menino tratava a árvore, quais sentimentos que isso trazia e qual a forma como a árvore se doava com tanta gentileza ao menino. Uma das atividades então foi fazer o Mapa da Empatia da árvore. Novamente me vi diante de uma nova adaptação para esta Rotina. Não daria para fazer da mesma forma que a anterior, para o objetivo que eu queria precisaria pensar em outras perguntas. Então pensei: O que a árvore ouve do menino? O que a árvore faz para o menino? Como a árvore se sente? O que você faria para a árvore no lugar do menino? Novamente foi surpreendente as colocações das crianças e a forma como elas se importaram em fazer com que a árvore se sentisse melhor. Abaixo mostro o resultado da atividade:
E agora eu volto a minha dúvida inicial: será que todas as adaptações são válidas? Eu realmente fico em dúvida, mas não posso deixar de afirmar aqui que foram duas atividades que trouxeram muito envolvimento das crianças. Como professores do alunos mais novos, sabemos que as atividades onde tomamos muito tempo com conversas, trocas, reflexões nem sempre são proveitosas e podemos, a qualquer deslize, perder a atenção dos estudantes. Mas nessas duas atividades que trouxe, tivemos reflexões das crianças e trocas entre elas muito valiosas. Percebi o envolvimento de cada um de meus alunos, a vontade de participar e poder fazer a sua colocação. Sem a menor duvida eu digo: a utilização da Rotina para promover as discussões com eles foi fundamental para o sucesso da atividade. Então, se perde ou não o sentido da Rotina essas adaptações que eu precisei e julguei necessárias, eu não sei dizer, mas que valeu pelo envolvimento e pelo resultado, isso eu tenho certeza!
Em breve contarei novas adaptações que fiz em outras Rotinas de Pensamento!!
Referência Bibliográfica: A árvore generosa (1983), trad. Fernando Sabino. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
Uma resposta
Malu, sua adaptação ficou sensacional! Colocar-se no lugar do outro é um exercício difícil para crianças nessa faixa etária. Desse modo, você criou uma conexão entre a turma e as personagens e assim elas puderam pensar e se colocar em outras experiências. Tenho certeza, de que a longo prazo, isso terá um resultado incrível!