A prática que vou compartilhar foi desenvolvida no componente curricular de Ciências da Natureza, numa escola da rede particular de ensino, no município de São Paulo, no estado de São Paulo.
Ao trabalhar Alimentação saudável com a 8ª série do Ensino Fundamental – Anos Finais, os estudantes foram convidados a responder o que eles achavam que seria uma alimentação saudável. Dessa forma, compartilharam seus conhecimentos prévios e impressões acerca do tema.
As respostas foram registradas em post-its e coladas num painel fixado na sala de aula, utilizando a rotina de pensamento “Antes eu achava que…”.
Após o registro das respostas, alguns voluntariam-se a ler os post-its enquanto a professora registrava na lousa algumas palavras que surgiram nas respostas como: proteínas, vitaminas, energia, etc.
Separados em grupo, leram um texto sobre a alimentação nos dias atuais e observaram a presença de algumas palavras que foram listadas na lousa. Após a leitura foi feita a provocação para que observassem as palavras do texto e as da lousa e percebessem se eram comuns e o que representavam essas palavras. Assim, foi proposta uma investigação utilizando a estratégia do Quebra-cabeça (Jigsaw).
Nessa estratégia, o grupo é dividido em especialistas. Um integrante ficou encarregado de ser especialista em carboidrato, o outro em proteína, lipídio e assim por diante. Após a divisão dos especialistas, houve um novo agrupamento (somente de especialistas) que puderam investigar a função e exemplos dos grupos de alimentos citados.
Para essa investigação, tiveram um tempo determinado, que foi de 20 minutos. Por isso, foi importante a atribuição de funções dentro do grupo, para que o andamento da investigação acontecesse. Após o tempo determinado, voltaram para o grupo de origem, compartilharam suas descobertas e, juntos, produziram um mapa conceitual.
Após a produção do mapa, foi feita uma sistematização na lousa, onde foi perguntado aos alunos quais informações foram descobertas acerca dos grupos de alimentos. Conforme relatavam, era feita, também, uma intervenção para complementação de conteúdo que não tinham abordado, como a pirâmide alimentar e calorias dos alimentos.
Em seguida, foi proposto uma vivência na cozinha experimental para verificação dos principais componentes do alimento produzido. Para isso, cada grupo trouxe os ingredientes de uma receita escolhida por eles, classificaram os ingredientes da receita de acordo com os grupos de alimentos, propuseram uma otimização da receita, ex: trocar carboidratos simples por complexos; adequar a receita para um colega que é celíaco, etc.
Para finalizar, refizeram a rotina de pensamento abordando: “Agora acho que…”, a partir do tema alimentação saudável. Construíram suas respostas assim “Sobre Alimentação saudável, antes eu pensava que…. agora eu acho que…”.
Imagens 1, 2 e 3: Rotinas de Pensamento produzidas com mediação durante as aulas: “Antes pensava que…agora penso que…”, seguida de uma autoavaliação visível dissertativa sobre a aprendizagem como oportunidade dos estudantes formularem feedback inclusive para a professora. Fotos da autora.
Nesse momento, registraram suas respostas e conhecimentos adquiridos e fixaram no novo painel. Após a produção do painel, li com os estudantes as respostas anteriores, “Antes eu achava que…” e as respostas após o desenvolvimento do tema, “Agora eu acho que…”. Por meio da rotina desenvolvida, os estudantes puderam reconhecer sua própria evolução na construção do conhecimento.
Essa rotina proporcionou o registro dos conhecimentos prévios dos estudantes, aprofundamento do conhecimento e documentação das evidências para mim e para os estudantes, que puderam perceber o quanto evoluíram na construção do conhecimento. Nesse contexto, percebe-se a ampliação do pensamento reflexivo dos estudantes, que apresentaram maior engajamento e desenvolvimento durante a aula, desenvolvendo inclusive as habilidades socioemocionais, pois não sentiram-se pressionados a dar respostas assertivas, mas, sim, interessados em participar de um processo investigativo.
A rotina promoveu a capacidade dos estudantes em fazer perguntas surpreendentes e complexas, além de desenvolver um balanço metacognitivo, ou seja, uma reflexão dos estudantes sobre o ato de aprender e sobre sua própria participação ativa nesse processo.
Como docente, não percebia o quanto as Rotinas de Pensamento eram fundamentais na construção do conhecimento. Após a atividade, consegui ter evidências do quanto as rotinas estimulam a reflexão, investigação, análise, organização de ideias e de conceitos e evidenciam a construção do conhecimento.
É uma prática que comecei a introduzir em minhas aulas e realizarei mais vezes, diversificando os tipos de rotinas de acordo com o objetivo de aula, seja uma síntese, investigação, aprofundamento de ideias, análise sob diferentes perspectivas, etc. Percebi que, por meio dessas ferramentas, consigo tirar o meu aluno do pensamento superficial, colocá-lo no centro do processo na construção do conhecimento, aprofundando o aprendizado e a compreensão dos estudantes.
Mini bio – Andreia Gallego
Mestra em Tecnologias Educacionais (Universidade de Miami), Especialista em Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora (INSTITUTO SINGULARIDADES), Especialista em Biotecnologia aplicada às áreas animal, vegetal e humana (USJT), e Bióloga (USJT), professora de Ensino Fundamental, Ensino Médio. Coordenadora da área de Ciências da Natureza em escola da rede privada.