Igual e Diferente: ajudando estudantes do Ensino Médio a compreender as características do Movimento Simbolista

Contexto escolar:

O relato de prática diz respeito à utilização de uma rotina de pensamento nas aulas de Língua Portuguesa no 3º ano do Ensino Médio de uma escola da rede privada de Cubatão – SP, onde leciono há 13 anos. Lidar com essa etapa de ensino é, ao mesmo tempo, gratificante, uma vez que rememoro, a cada aula, a trajetória que cada estudante trilhou até então. É também desafiador, pois percebo a angústia e ansiedade da turma acerca de suas escolhas pessoais e, principalmente profissionais. Nesse sentido, engajá-los para sobre a importância da construção de certos conhecimentos e conceitos é um exercício diário.

 

Conhecendo as rotinas de pensamento:

Meu primeiro contato com as rotinas de pensamento e o planejamento reverso foi por meio de uma formação interna da própria rede. A partir de então, fui em busca de materiais e livros a fim de que eu pudesse melhorar os meus registros e minha prática docente a partir dessas ferramentas. O livro “Aprendizagens visíveis” fez a minha mente fervilhar de ideias. Passei a ser seguidora  da Ativa nas redes sociais e em julho do ano passado tive a oportunidade de realizar dois cursos ministrados pela Júlia: o primeiro, “Planejamento reverso: como alinhar currículo, ensino e avaliação” e o segundo, “Aprendizagem visível nas áreas de conhecimento” foram “o empurrãozinho que faltava” para que pudesse colocar em prática um pouco daquela teoria e experiências vivenciadas nas formações online.

 

Colocando a mão na massa!

O tema da minha aula era sobre o Simbolismo, escola literária caracterizada pelo mistério, subjetividade e representação pelos símbolos. Os autores buscavam sugerir a realidade e não descrevê-la, como faziam os realistas-naturalistas. Ou seja, o poeta não buscava a clareza em suas ideias, pelo contrário, deixava-as ocultas.

Tendo em vista que a literatura simbolista foi fortemente influenciada pelo Impressionismo, busquei duas imagens: uma fotografia e uma pintura impressionista, a fim de que os estudantes pudessem observá-las e, por meio dessa observação, deduzir a principal característica desse movimento: a sugestão da realidade. Nesse sentido, escolhi a pintura “Catedral de Rouen”, de Monet e uma foto do mesmo lugar como ponto de partida para as discussões a respeito da temática da aula.

 
 

Fotografia da “Catedral de Rouen” e da pintura homônima de Claude Monet. Fonte: fotos da autora.

Propus a rotina Igual e Diferente. Nela, a turma deveria elencar aproximações e diferenças entre as duas imagens.

Fotografia da prática em sala de aula, utilizando fotografias, post its em papel craft, ao lado de lousa eletrônica. Fonte: fotos da autora.

Após a leitura de todas as ponderações feitas pela classe, eles chegaram à conclusão que um dos aspectos mencionados por um dos alunos estava intimamente relacionado à estética simbolista: na foto, eles conseguiam ver nitidamente os contornos e detalhes da catedral; na pintura impressionista isso não acontecia. Além disso, a foto é uma representação objetiva, já a pintura é uma representação subjetiva do pintor impressionista.

Em seguida, fizemos a leitura do poema “A catedral”, do poeta simbolista Alphonsus de Guimaraes a fim de que pudessem identificar essa mesma característica em textos de autores pertencentes a esse movimento artístico-literário. Após esse primeiro momento, a turma foi dividida em cinco grupos com o objetivo de pesquisar a respeito de autores, temas, poemas e outras características simbolistas. Ao final da atividade, cada equipe apresentou os resultados de sua investigação.

Por fim, percebi que o trabalho com a rotina de pensamento fomentou o debate, a exposição de ideias e a construção de hipóteses a respeito da linguagem simbolista. Os registros feitos no mural demonstraram a compreensão dos estudantes a respeito das imagens e, nesse sentido, pude direcionar a minha ação pedagógica para as lacunas e dúvidas que surgiram depois da realização da rotina.

2 respostas

  1. Jéssica, adorei seu relato e seu trabalho com os estudantes! pensei que seria maravilhoso fechar essa sequência didática utilizando a rotina de balanço metacognitivo “Antes pensava que… agora penso que…” para que os estudantes possam refletir sobre o que transformou na sua concepção sobre o simbolismo!

  2. Obrigada, mais uma vez, Julia pelo encorajamento! Precisava desse empurrãozinho… Sobrea atividade com a rotina Antes eu pensava… agora penso que… não tinha pensado e achei excelente para o fechamento da sequência.

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