Duas rotinas de pensamento “vejo-penso-pergunto” e “cabo de guerra” – relato de experiência

Rotina Vejo-Penso-Pergunto

Sabe aquele dia em que você é pego de surpresa e fica sabendo que dará aula em uma turma que não estava em seu planejamento? Pois é, vida de professor é assim… a sorte é que  tenho na minha malinha de ferramentas pedagógicas as tais rotinas de pensamento (já fiz aqui um post sobre isso). 

De supetão, juntei três coisas que amo muito: Jornal Joca, rotina de pensamento e Google Jamboard. Criei uma atividade bem rapidinha no Jamboard utilizando a capa do Jornal Joca sem a manchete, somente com a foto, nas páginas seguintes a rotina de pensamento vejo-penso-pergunto e ao final da leitura e da discussão ainda realizamos a rotina de pensamento cabo de guerra

Confiram as fotos da atividade com as observações a seguir:

Print de uma tela de arquivo Google com uma fotografia do fogo do Pantanal, retirada de um jornal em destaque, sobre ela, está uma logo do Jornal Joca, com o escrito joca em verde e o desenho de um mico-leão.

A notícia era sobre um tema muito atual na época, as queimadas no Pantanal. Quando vi a foto de capa da reportagem, logo percebi que ela daria uma boa discussão. Não era o Pantanal pegando fogo; a princípio, a foto sem a manchete era bem emblemática, e já pensei logo na rotina de pensamento “vejo-penso-pergunto”. 

Essa imagem rendeu uma ótima discussão, confiram os registros sobre o que os alunos do 4° ano do ensino fundamental viram nessa foto:

Print de uma tela de arquivo Google com uma fotografia do fogo do Pantanal, retirada de um jornal em destaque, sobre ela, está uma logo do Jornal Joca, com o escrito joca em verde e o desenho de um mico-leão. Espalhados à direita e embaixo, estão quadrados verdes, amarelos e azuis com a pergunta guia e as respostas: "O que você vê?"; "eu vejo uma placa escrito S.O.S."; "Eu vejo um pau de madeira com os números 5 0 5."; "eu vejo uma ponte escrito S.O.S."; "Eu vejo o número 505 tmb cinzas no chão e um pouco de areia"; "eu vejo uma rua"; "eu vejo uma ponte"; "eu vejo uma madeira escita sos"; "eu vejo uma rampa escrita SOS"; "eu vejo um pau de madeira escrito S.O.S. então eu acho que alguém estava pedindo ajuda".

Em seguida, realizamos a segunda parte da rotina e os alunos registraram o que eles pensavam sobre essa imagem. Com base nos registros, fui perguntando em que elementos das fotos estavam se baseando. Muitos usavam as palavras guerra e destruição, apontando elementos como areia, pedaços de concreto, destroços e a ausência de elementos vivos na foto.

Logo depois, partimos para a última etapa da rotina, onde eles fizeram perguntas sobre aquilo que tinham visto e pensado.

Resultado das rotinas de pensamento

Fiquei satisfeitíssima com essa primeira etapa da atividade. A rotina de pensamento enriqueceu muito o debate, o registro ficou riquíssimo, o engajamento melhorou e houve uma aprendizagem baseada no coletivo, pois o debate e os registros proporcionaram troca de conhecimento. 

Logo depois, realizamos a leitura do Jornal Joca com a reportagem na íntegra e chegamos a um ponto em que o jornal revelava os motivos que levaram às queimadas e quais alternativas poderiam ser utilizadas. Ganhei aí outro ponto importante de discussão: após essa leitura introduzi a rotina “cabo de guerra”, onde duas ideias opostas podem ser debatidas. 

Com essa rotina, aprofundamos ainda mais o tema.

Print de uma tela de arquivo Google com uma fotografia de um cabo de guerra ao fundo e, sobre ela, há uma linha dividindo os conceitos "favor" e "contra"; sobre a linha, um bloco azul está escrito "Colocar fogo para renovar ou abrir pastagem"; dentro do lado direito, reservado ao contra, blocos coloridos em verde, alaranjado e azul, trazem os seguintes escritos: "contra pois vao acabar com as arvores 3.C"; "contra pois alem do solo perder nutrientes tera que mudar de lugar e causara incendios."; "Eu sou conta porque depois não vai existir arvores e solo bom"; "Eu sou contra pq se não iriamos ficar sem frutos, animais, leites etc."; "sou contra por que se continuar não existira mais agua"; "contra, pois o fogo pode se alastrar em uma floresta".

Antes da atividade, esse grupo de alunos já havia experimentado a rotina de pensamento “vejo-penso-pergunto”, de forma oral, apenas uma vez. A disposição na maneira de pensar já foi feita de maneira mais articulada entre uma atividade e outra. 

Sou suspeita para falar, mas fiquei muito satisfeita!

Imaginem a potência dessa cultura de pensamento depois de um período, imaginem essa potência multiplicada por um coletivo de professores tornando o pensamento de seus alunos visíveis para eles mesmos, para os próprios alunos e para o grupo! 

Me perdoem a empolgação, mas isso é o que desejo que todo professor consiga alcançar.

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