Aprendizagem Visível: por quê incluir na sua sala de aula?

Rotina de pensamento Vejo-Penso_pergunto para ler criticamente imagem da história do Brasil
Do lado esquerdo da imagem, fundo branco, escrito em preto com fundo amarelo Leitura de Imagem, abaixo, listadas as perguntas: o que você vê? | o que você pensa? | o que você pergunta?; do lado direito, fundo amarelo e, sobre ele, uma ilustração em preto e branco, com pessoas enfileiradas; exemplifica a aprendizagem visível.

Durante o mês de julho de 2020, entre os dias 26 a 31, a ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância) organizou a JOVAED – Jornada Virtual ABED de Educação a Distância – um evento online, aberto e gratuito.

Dentre as diversas palestras que ocorreram, realizamos o workshop Por que e para quê planejar aprendizagem visíveis?

Em nosso workshop, discutimos o tema a partir de algumas referências e também com um enfoque aprofundado para o olhar do estudante, sobre si mesmo e o mundo, abordando:

  • O que é aprendizagem visível;
  • Qual é sua importância;
  • Como empregá-la em sala de aula;
  • Como ela facilita o desenvolvimento de competências.

Como tornar a aprendizagem visível e significativa no contexto online, remoto, ou no ensino híbrido? 

Sabemos que a Educação precisou se adequar durante para a modalidade online e, mais recentemente, também para a modalidade híbrida.

Nesse sentido, as aprendizagens visíveis são fundamentais para servir como suporte para pensar evidências e contextos de aprendizagem que ajudem nossos estudantes a se desenvolverem cada vez mais.

Porém, algumas perguntas vêm à tona: como podemos engajar nossos alunos para além dos muros da escola?

Ou ainda, como aproximar o que ensinamos na escola à aprendizagem para a vida?

Para responder a essas perguntas criamos a ATIVA Educação – Abordagem para tornar visível a aprendizagem.

O projeto é resultado de um conjunto de pesquisas e ações que desenvolvemos com o Centro de Referências em Educação Integral, sob influência das pesquisas de John Hattie e principalmente do Project Zero, de Harvard.

Além disso, para todas essas pesquisas há um ponto em comum: a importância dos professores pensarem com os olhos dos estudantes e os alunos se enxergarem como seus próprios professores e desenvolverem a autonomia e as competências gerais propostas pela BNCC.

Durante o encontro, discutimos a importância de alinhar as metodologias ativas ao pensamento visível às rotinas que estimulam o pensamento reflexivo dos alunos, contribuindo para que o pensamento vá mais além.

Dos fundamentos da Educação Integral à prática da Aprendizagem Visível

Partimos de dois importantes ícones do universo educacional, Paulo Freire e John Dewey, para trazer à tona a visão do que deve ser a Educação:

Um diálogo para estimular e repertoriar os estudantes a sonhar com novos mundos possíveis e como sonhar novos possíveis pode desenvolver o desejo de sempre se continuar a aprender.

Desse modo, a prática escolar é pensada como uma experiência rica e repleta de sentido para professores e estudantes.

Assim, todos passam a enxergar o ato de aprender como uma atitude construtiva e, por conseguinte, uma ferramenta para a transformação da realidade. 

Ao analisar o contexto educacional brasileiro, levantamos questões sobre como desenvolver integralmente cada uma das Competências Gerais propostas pela BNCC em um país em que a Educação pouco mobiliza os estudantes para além dos muros da escola.

A partir disso, o que devemos fazer para cultivar uma prática de ensino que incite a criatividade de nossos alunos? Como aproximar o conhecimento ensinado nas escolas a aprendizagem para a vida?

A Abordagem da Aprendizagem Visível como caminho da formação integral

Como um possível caminho para estimular uma formação integral dos estudantes, apresentamos a Abordagem da Aprendizagem Visível.

Trata-se de uma visão pedagógica e um conjunto de ferramentas que nos dão suporte para pensar evidências e contextos de aprendizagem que auxiliam os estudantes a não apenas aprenderem conteúdos, mas estratégias para aprender mais e melhor, fortalecendo seu aprender a aprender.

Mostramos como essa visão não é inatingível, já que foi desenvolvida pelo Centro de Referências em Educação Integral em conjunto com o Município de Tremembé, na proposta de Currículo para a Educação Integral, uma Referência para Estados e Municípios.

Para fundamentar a discussão sobre aprendizagem visível, apresentamos duas fontes imprescindíveis que contribuíram para a construção desse pensamento pedagógico, as quais teceremos a seguir.

Metanálise de John Hattie fundamentando a Aprendizagem Visível

A primeira é a meta-análise que fundamenta a discussão é a elaborada por John Hattie, professor da Universidade de Melbourne, na Austrália.

A segunda, as rotinas para evidenciar o pensamento visível do Project Zero da Faculdade de Educação de Harvard, nos Estados Unidos.

A pesquisa de John Hattie, inicialmente uma metanálise, foi posteriormente desenvolvida como uma estratégia de feedback para as várias áreas do conhecimento. Assim, essa estratégia atua como uma potente ferramenta para maximizar o impacto na aprendizagem.

Em sua pesquisa, Hattie buscou entender quais são os maiores fatores responsáveis por desempenhar maior influência na aprendizagem visível dos estudantes.

Dentre os mais de 250 fatores, a autoavaliação e a eficácia coletiva dos professores se mostraram os mais efetivos. 

A essência da proposta formativa de John Hattie é a importância dos professores pensarem com os olhos dos estudantes e os alunos se enxergarem como seus próprios professores.

Dessa forma, será possível que desenvolvam a capacidade de desenvolver sua própria aprendizagem.

As Rotinas de Pensamento Visível do Project Zero

Outra abordagem teórica citada e, profundamente praticada por nós, é a série de propostas desenvolvidas pelo Project Zero, de Harvard.

A abordagem auxilia a tornar, monitorar e aprofundar o pensamento visível para os professores e estudantes.

Assim, é com essa pesquisa que propusemos o momento mão na massa: como ler imagens tornando nosso pensamento visível? 

As Rotinas funcionam ao mesmo tempo como estruturas para o pensamento, ferramentas de estudo e, ao longo do tempo, fortalecem hábitos mentais.

Na Ativa Educação, acreditamos nessas Rotinas como as melhores estratégias para trazer o pensamento à luz dos olhos de estudantes e professores.

Ou seja, como é possível alinhar as metodologias ativas ao pensamento visível, rotinas que estimulem o pensamento reflexivo e, assim, contribuam para que esse pensamento vá mais além.

Aprendizagem Visível na prática com rotinas de pensamento

Para além da teoria, oferecemos um experimento prático como momento mão na massa da oficina: como ler imagens tornando nosso pensamento visível?

Nele, praticamos uma rotina de pensamento chamada vejo, penso, pergunto. Essa rotina nos auxilia a ver atentamente para capturar as evidências e refletir sobre como nosso pensamento constrói deduções a partir do que vê e pensa.

Inicialmente, as evidências levantadas pelos participantes referem-se apenas a uma imagem recortada.

Posteriormente, com novas informações acerca da foto, novas evidências são levantadas.

Durante todo o processo, nós provocamos os participantes, primeiramente, a ver a imagem e a pensar sobre o que vemos para, por fim, elaborar perguntas a partir do que pensamos.

Essa rotina nos ajuda a compreender e corporificar a diferença entre efetivamente ver, observar bem de perto, e refletir e perguntar com base no que observamos.

Assim, a cada etapa do exercício, auxiliamos todos a discernirem sobre quais evidências levantadas são mesmo visíveis e quais são deduções ou projeções de nossa mente.

Essa breve rotina ilustra perfeitamente como as evidências visíveis atuam como suporte para deduções ou mesmo questionamentos dos estudantes.

Por fim, praticamos outra rotina de pensamento muito potente na aprendizagem, a Antes eu pensava que/Agora eu penso que.

Essa prática funciona como indicador metacognitivo acerca do que os estudantes sabiam antes da abordagem em sala de aula e o que eles aprenderam após a abordagem.

Ou seja, essa rotina ajuda a elaborar um balanço comparativo entre conhecimentos iniciais ou prévios e o conhecimento construído na experiência da aprendizagem visível.

Esse registro produzido coletivamente é poderoso, porque torna visível o pensamento sobre o próprio aprender, tanto para estudantes quanto para professores.

Ficou curioso em saber sobre como foi na íntegra a oficina? Confira aqui e deixe sua opinião nos comentários!

Uma resposta

  1. Extremamente relevante para educadores que desejam inovar e trazer novas metodologias para o processo de ensino-aprendizagem.
    O autor explora a importância de tornar o aprendizado mais visível e colaborativo, utilizando ferramentas como o quadro de aprendizagem, onde os estudantes podem acompanhar seu progresso e entender quais são suas próximas metas. Com exemplos práticos e dicas valiosas, o texto mostra como é possível transformar a sala de aula em um ambiente mais dinâmico e participativo, contribuindo para uma educação de qualidade.

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