Spoiler: As fotos das atividades contemplam todos os erros das crianças e suas elaborações imperfeitas.
Desta vez vou relatar uma experiência de rotinas de pensamento que me empolgou muito, pois gerou um engajamento grande durante o período de aulas remotas no ano passado.
Mais uma vez, o trabalho com o Jornal Joca casou bem com as rotinas de pensamento. A foto que ilustrava a reportagem daria uma boa discussão e o assunto é atual em qualquer momento.
Com o título “Um serviço essencial”, a reportagem trazia elementos para discussão sobre os catadores de resíduos recicláveis. Utilizando o Google Jamboard, fiz uma montagem com a foto e pedi aos alunos do 4° ano do EFI que respondessem a uma pergunta:
Qual é a profissão do homem que aparece na foto?
Nesse momento, minha intenção foi desconstruir o pensamento sobre estereótipos que trazemos sobre uma imagem de um homem de pele e cabelo branco. As respostas que recebi foram as que eu já esperava – o que gerou uma boa discussão:
Foto da primeira página da atividade.
Após as respostas, a verdadeira profissão foi revelada, para a surpresa dos alunos: ele era um catador de resíduos recicláveis. Pudemos conversar um pouco sobre como o que eles haviam pensado era diferente da verdade apresentada na reportagem.
Após a leitura do material, que rendeu observações riquíssimas por parte dos alunos, realizamos a rotina de pensamento “Bússola”. Esses foram os registros de alguns alunos:
Confesso que tive minhas dúvidas quando pensei na atividade… não tinha certeza de que alunos dessa idade conseguiriam analisar uma reportagem a partir de quatro pontos diferentes. Contudo, uma coisa que aprendi com os princípios do planejamento reverso e das aprendizagens visíveis foi que temos que ter altas expectativas com nossos estudantes.
Neste momento, eu já tinha segurança e convicção de que errar faz parte do processo de aprendizagem – e, hoje, essa culpa não carrego mais. Meus eternos agradecimentos à professora Julia Pinheiro Andrade por esse ensinamento.
Nem preciso apontar o quanto os alunos se superaram; os registros falam por si. A elaboração e o registro do pensamento em etapas trouxe a documentação de uma compreensão profunda, gerada a partir de uma simples reportagem.
O aprendizado gerado pelas rotinas de pensamento
Em outro momento da minha vida, essa notícia seria lida de maneira compartilhada e eu teria perguntado a dois ou três alunos o que eles haviam compreendido, mas não sinto vergonha disso: é parte do meu processo de aprendizagem.
A atividade não parou aqui.
O final da reportagem me levou a puxar da minha malinha pedagógica outra rotina de pensamento: a rotina “Imagine se… ficássemos sem os serviços dos catadores. O que aconteceria?” nos ajudou pensar sobre uma reflexão que a reportagem trouxe.
Hoje, digo com todas as letras e palavras: é possível fazer diferente! Não adianta só fazer uma atividade a mais, além de todas as que você já faz; faça escolhas, pois boas escolhas são essenciais.
A definição do objetivo é a coisa mais importante e, naquele dia, optei por ir mais profundo nas aprendizagens. Se meu objetivo fosse corrigir a ortografia e sistematizar a escrita, teria feito aquilo que sabia fazer antes: ler e perguntar para dois ou três o que eles compreenderam. Mas, ao invés disso, fiz uma escolha em que a correção desses pontos ficaria para outras muitas oportunidades em que teria com eles.
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