Aprendizagem Visível e as práticas de leitura e escrita em sala de aula

Uma criança está sentada em frente à um laptop, vestindo blusa azul escura e com as mãos nas laterais do equipamento; do seu lado direito está outra criança, vestindo blusa idêntica, encurvada e observando a mesma tela do notebook.
Sobre fundo branco, está escrito em letras de fôrma pretas: "Procópio deve ir ao Céu ou ao Inferno?", logo abaixo, está uma foto com fundo de céu azul e duas mãos estão de lados opostos, segurando uma corda que está puindo, indicando que vai partir.

Para início de conversa, em 2020, quando todos nós, professores, fomos desafiados a trabalhar em ambiente remoto, de uma hora para outra, me vi “sem chão”, após mais de 25 anos de experiência como docente em sala de aula.

Se, no início, aprender a usar novas ferramentas parecia ser o maior desafio, aos poucos me dei conta de que havia um outro, muito maior: engajar os alunos. Como trabalhar com os conteúdos de forma que garantisse que eles pudessem interagir e aprender numa dinâmica completamente diferente?

Fui me dando conta de que a pandemia apenas escancarou um incômodo que já havia no momento anterior. Tínhamos alunos com outras exigências, mas estávamos alicerçados em velhas práticas. Sem desconsiderar a tradição, algumas delas já não faziam sentido e, distante fisicamente dos alunos, isso se tornou mais claro. 

Assim, comecei a realizar alguns cursos sobre metodologias ativas e, aos poucos, fui trilhando um novo caminho que me trouxe um encantamento novo pela docência. Ganhei um novo olhar sobre a sala de aula (que se ampliou potencialmente) e sobre as novas possibilidades que isso tudo me apresentava. Percebi que não se tratava de puro modismo, como antes pensava. 

Os principais questionamentos da aprendizagem visível 

Por meio desse estudo, passei a enxergar com clareza questões ligadas ao ensino e aprendizagem para além dos planos burocráticos exigidos pelo sistema escolar:

  • Quais eram os objetivos de ensino e aprendizagem? 
  • Como planejar minha aula? 
  • Quais recursos digitais poderiam ser utilizados a fim de coletar evidências e avaliar alunos para além do instrumento prova? 
  • Como propiciar uma educação que também contemplasse o saber fazer e valores, suscitando uma postura ética, crítica e reflexiva frente ao objeto de conhecimento?  

Todos esses questionamentos passaram a fazer parte do meu cotidiano, do planejamento das minhas aulas. O foco passou a ser: dar espaço para que os alunos assumam o protagonismo.

Desde então, vários pesquisadores têm contribuído para essa minha nova trajetória como docente, dentre eles a Julia Andrade. Ela me apresentou a perspectiva da aprendizagem visível e me fez conhecer e aprofundar alguns dos principais fatores que contribuem para a aprendizagem. 

Desse modo, a partir de John Hattie e outros, pude repensar que impactos haveria na educação tendo em vista o contexto histórico em que vivemos. Isso gerou uma clareza maior a respeito do papel que eu deveria assumir frente aos alunos, para que eles pudessem dar um novo passo, indo além de processos individuais de aprendizagem.

Conforme assinala John Hattie (2017), para que eles passassem a se tornar seus próprios professores.

Aprendizagem colaborativa e metacognição foram incorporadas como práticas do cotidiano, não mais relegadas apenas para um momento ou outro das aulas. Além disso, Julia Andrade me fez conhecer o Project Zero, da Universidade de Harvard, que enriqueceu as práticas de leitura e escrita com vistas a uma compreensão profunda das competências e habilidades inerentes ao ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa. 

Essa perspectiva reforçou a importância do registro e da documentação do pensar individualmente e juntos, de forma sistematizada, por meio de rotinas que tornam visível esse pensamento, dando sentido ao que se aprende.  

Como tornar a leitura machadiana visível?

A leitura de contos faz parte dos conteúdos de Língua Portuguesa do Colégio onde trabalho como docente e coordenadora de área. Propiciar práticas de leitura por meio de clássicos sempre foi um desafio, ainda mais em se tratando de Machado de Assis. 

Sempre procurei, nas aulas, propiciar atividades que levassem os alunos a não fazer uma leitura linear dos contos, mas um adensamento que lhes fizesse perceber qual era a crítica social e a atualidade da obra, dentre outros aspectos. 

Na escola onde leciono, temos como prática os chamados diários de leitura, que abrem espaço para que os alunos assumam uma postura mais reflexiva frente ao que leem e discutem nas aulas. Porém, sentia a necessidade de outras práticas para o enriquecimento deste trabalho. 

Assim, quando entrei em contato com essa perspectiva, comecei a vislumbrar atividades que tornassem mais visível o percurso de leitura. Daí surgiu a ideia do Portfólio digital, fazendo uso de um recurso digital, o Padlet, a fim de que a documentação de todo o processo pudesse ser realizada. 

Essa proposta iniciou-se no ano passado, mas ganhou mais força este ano, já que eu, como docente, pude me aprofundar e conhecer com mais robustez as várias facetas das aprendizagens visíveis, sobretudo por meio de grupos de estudo e dos cursos realizados com a Julia.

Em um mural virtual do Padlet, intitulado de Contos Machadianos - Nono B, estão elencados debates referentes aos contos de Machado de Assis, com enfoque no tema racismo, passando das histórias e por fatos da atualidade.

O “Conto pai contra mãe” e a Rotina “Antes pensava que…”

E como se deu esse estudo? Para começar a leitura dos contos, escolhi “Pai contra Mãe”. Logo nos primeiros quatro parágrafos, o narrador de Machado faz uma descrição dos instrumentos de tortura da época da escravidão por meio de uma ironia que traz consigo uma crítica social contundente. Numa primeira e, quem sabe, ingênua leitura desse início, o leitor talvez seja levado a acreditar que esse narrador defendia as atrocidades cometidas contra os escravos quando, na verdade, reproduzia de forma irônica a voz dominante da época para evidenciar a sua visão de mundo. 

Solicitei aos alunos que lessem apenas esses quatro parágrafos e, fazendo uso da rotina “Antes eu pensava que… /Agora penso que…”, pedi que registrassem suas primeiras impressões a respeito desse narrador. Todos os alunos fizeram e compartilharam no Padlet suas reflexões. 

A maioria, naquele momento, via o narrador como um defensor dos instrumentos de tortura. Após esse registro, assistimos a uma cena do filme “Quanto vale ou é por quilo”, de Sérgio Bianchi, que justamente fazia uso desse fragmento de “Pai contra Mãe”.

Depois que viram  os instrumentos e “ouviram” a descrição feita pelo narrador, resgatadas nessa cena, os alunos compartilharam suas novas impressões e, a partir da releitura de seus registros, foram convidados a expressar novamente seu ponto de vista. O que pensavam eles depois de terem realizado essa nova leitura? Novamente fizeram o registro, só que agora completo, contemplando o “antes e o depois”. 

Li os registros acreditando que as estratégias usadas em aula tinham sido suficientes para que compreendessem o narrador de Machado e a ironia como crítica social. Mas, para minha surpresa, constatei por meio dos registros de uma das turmas que essa compreensão ainda não havia ocorrido. 

Nesse momento, me dei conta das potencialidades das rotinas. Por meio de uma atividade que parecia simples, foi possível coletar evidências e replanejar as aulas para que a aprendizagem profunda realmente acontecesse. 

Aprendizagem visível nos registros dos alunos

Comecei a entender o quanto essas práticas contribuem para avaliação que não mais iria ocorrer somente quando fosse utilizado o instrumento “prova”. 

Eis alguns registros feitos por eles:

[fotos de registros com legenda]

Em um quadro branco, estão dois blocos azuis com relatos dos alunos, sob o título "Antes eu pensava que... / Agora eu penso que...".
Antes da nossa discussão sobre os parágrafos do conto “Pai contra a Mãe” eu pensava que o autor apenas relatava  como era escravidão e suas torturas. Depois da nossa discussão eu percebi que o uso da ironia não era apenas para relatar os acontecimentos, e sim para fazer uma  crítica a escravidão e seus princípios.

A mesma rotina foi proposta durante o estudo do conto “O caso da vara”. 

Nesse momento, foram discutidas as relações de poder entre as personagens, sendo que a pergunta disparadora era: qual delas era, de fato, o ser mais vil da narrativa?  

Após a leitura das primeiras cenas, os alunos foram solicitados a escrever no caderno as suas reflexões. Depois que concluímos todo o percurso da leitura, retomei com eles a pergunta e pedi para que compartilhassem no Padlet suas novas impressões.

Em um quadro branco, estão dois blocos azuis com relatos dos alunos, sob o título "Antes eu pensava que... / Agora eu penso que...".
   Antes eu pensava que o mais poderoso era o padrinho, João Carneiro, já que ele tinha recursos e podia convencer o pai de Danião a tirá-lo do convênio, tendo grande influência sobre as decisões. Agora eu penso que o mais poderoso, na verdade, é Danião, pois ele conseguiu manipular e usar a Sinhá Rita e seu padrinho para os próprios interesses, mesmo dando a impressão de que não era tão poderoso (a relação de ser e parecer). 

O conto “O enfermeiro” e a Rotina Cabo de Guerra

Uma outra rotina foi a do “Cabo de guerra”, proposta após a leitura do conto “O enfermeiro”. 

Depois que os alunos resgataram o ponto de vista do narrador e entenderam as motivações que levaram o personagem Procópio a confessar, em seu leito de morte, o assassinato do coronel de quem cuidou, foram solicitados a, levando em consideração a moral da época, posicionar-se a partir da leitura disparadora: “Procópio deve merecer o Céu ou Inferno?”.

A turma foi dividida em dois grupos e, fazendo uso de uma outra ferramenta, o Jamboard, construíram argumentos defendendo, ou não, o personagem. Solicitei a alguns professores que fizessem a leitura dessa produção para que dissessem qual dos dois lados teve maior força argumentativa. 

Embora muitos fossem contra, ao ter de assumir um posicionamento favorável, empenharam-se em fazer novas releituras do conto a fim de embasar melhor seu posicionamento. Segue abaixo a imagem de um exemplo da atividade.

Essas práticas propiciaram uma reflexão quanto ao modo de trabalhar a literatura na escola e como realizar uma avaliação para além da nota e da validação de uma única leitura, aquela “autorizada” pelo professor ou pelos manuais didáticos, como muitas vezes ocorre.  

Da leitura à escrita: a Rotina da Discussão Flash

As rotinas, como já apontei, não só evidenciam a leitura adensada, como também colaboram para que, por meio da sistematização do pensamento, os alunos possam aprimorar sua competência escritora. 

Pensando nisso, percebo que algumas delas, como o mapa mental e o mapa conceitual, propiciam que os alunos se tornem cada vez mais conscientes do seu próprio percurso de aprendizagem.

Durante o trabalho com a leitura dos contos, também faço uso da discussão flash (ou discussão rápida) e peço, mais uma vez, que registrem o seu pensamento num primeiro momento de forma individual, depois em pares e, por fim, em quartetos. 

Há um tempo estipulado para cada atividade e, geralmente, os alunos já trazem de casa a reflexão individual. Quando chegam à última etapa, eles dividem papéis: quem controla o tempo, quem é o escriba e registra tudo no padlet, quem é o organizador da discussão e aquele que apresenta o resultado desse trabalho a todos, assumindo o papel de repórter. 

O compartilhamento se dá como num jogo de dominó, em uma fala encadeada por uma escuta ativa, em que um grupo complementa a apresentação do outro, procurando evitar repetições. Essa rotina, além de suscitar um trabalho com a escuta atenta do outro e a oralidade, também contribui para que a construção do pensamento na escrita vá sendo o tempo todo não só aprofundada, mas também reorganizada. 

Ampliação da rotina de aprendizagem visível

Depois da apresentação, num trabalho de metacognição, peço licença a um grupo para que possa analisar com todos os alunos da sala o seu trabalho de produção. 

Assim, todos juntos avaliamos se os fatores de coesão e coerência foram contemplados, se houve de fato um aprofundamento, ou se simplesmente o grupo se apropriou do texto de um aluno sem que haja, de fato, uma aprendizagem colaborativa.

Eis a sequência de trabalho de um dos grupos que foi discutida e analisada em sala de aula:

No conto “O enfermeiro”, o personagem que tem sua consciência acomodada depois de um ato errado é o Procópio. Isso pode ser justificado pois enquanto o narrador conta sua lembrança, ele tenta amenizar o assassinato ressaltando as ações cruéis do coronel. Além disso, o enfermeiro hesita ao aceitar a herança do militar, fala bem dele para o povo e faz doações. Essas ações foram feitas para que Procópio parasse de ficar incomodado com o fato de ter assassinado o coronel.

Registro Individual

No conto “O enfermeiro”, o personagem que tem sua consciência acomodada depois de um ato errado é o Procópio. Isso pode ser justificado pois enquanto o narrador conta sua lembrança, ele tenta amenizar o assassinato ressaltando as ações cruéis do coronel. Além disso, o enfermeiro hesita ao aceitar a herança do militar, fala bem dele para o povo e faz doações. No desfecho, perdeu o sentimento de culpa, após confessar tudo ao padre e então foi para vida após a morte em paz.

Registro em Duplas

No conto “O enfermeiro”, o personagem que tem sua consciência acomodada depois de um ato errado é o Procópio. Isso pode ser justificado pois enquanto o narrador conta sua lembrança, ele tenta amenizar o assassinato ressaltando as ações cruéis do coronel. Além disso, o enfermeiro hesita ao aceitar a herança do militar, fala bem dele para o povo e faz doações.      

Procópio assumiu seu pecado pois durante a época que se passa o conto as pessoas acreditavam muito em ir ao céu e ao inferno após a morte, então como o enfermeiro queria ir ao céu, ele pediu perdão a todos seus pecados um pouco antes de sua morte. 

Registro em Quartetos

Ao analisar os trechos selecionados, os alunos se deram conta de que, ao incorporar as ideias, precisavam estabelecer conexões que organizassem o pensamento na escrita.

Porém, também refletiram acerca do conteúdo dos registros e viram que certas considerações estavam em desacordo com o conto e que, na discussão, deveriam ter sido descartadas. 

Por outro lado, perceberam a importância dessa construção coletiva e do quanto o texto poderia ter revelado uma compreensão mais clara e profunda do conto.

Outra sequência:

[quadros de registros]

No conto “O Enfermeiro”, nos vemos diante de uma personagem da qual se “acomoda” diante das circunstâncias em que os fatos ocorrem.

A história se trata de uma confissão por parte do Procópio que, com o objetivo de ser perdoado e ir para o céu (um conceito muito importante na época), narra a história de quando matou o coronel para quem trabalhava em um tom confessional.

Logo após ter matado o coronel, procura razões para se acomodar com o que havia acontecido. Tenta deixar a herança que havia recebido, rezar, procurar por barulhos que pudessem comprovar que não havia morrido…

As pessoas iam lhe falando que ele era, de fato, rabugento e que já estava quase morrendo, de qualquer maneira, e a sua culpa foi cessando, como se houvesse justificativas para o crime que havia cometido.

Em seu leito, confessa, mas não porque se sentia culpado, mas porque queria ir para o céu e aproveitar “a vida após a morte”.

Registro Individual

No conto “O enfermeiro” podemos notar que nele há um personagem que se acomoda com sua culpa, com o objetivo de, em seu leito de morte, poder ser perdoado de seu grande pecado e poder ir para o céu. Ele se chama Procópio Valongo, que matara Felisberto, o homem desprezível para quem trabalhava.

No começo Procópio se sentia muito culpado por seus atos, tentando, de qualquer maneira, se redimir e ser livrado desse fardo que o assombra, por meio de homenagens ao morto, rezas, doações, etc. mas com o passar do tempo ele começa a considerar que essas tentativas de se redimir eram desnecessárias e exageradas e ele começava a tentar achar justificativas para o que aconteceu, tentando se livrar da culpa, dizendo que pode ter sido uma coincidência e que ele não tem culpa de nada, pois como o coronel estava para morrer, ele pode ter falecido naquele momento e ele por acaso estar o estrangulando, o que não foi algo intencional. Outro fato que demostra essa falta de peso na consciência, é que muito provavelmente ele só se confessou por interesse próprio, com o único objetivo de obter salvação própria, não por se sentir culpado ou algo do tipo. 

Registro em Duplas

No conto “O enfermeiro” podemos notar que nele há um personagem que se acomoda com sua culpa, com o objetivo de, em seu leito de morte, poder ser perdoado de seu grande pecado e poder ir para o céu. Ele se chama Procópio Valongo, que matara Felisberto, o homem desprezível para quem trabalhava.

Depois da morte do coronel, o enfermeiro começa a achar explicações para o que aconteceu e tenta tirar a culpa que ele sentia no início.  Ele começa defender o falecido, mesmo que ele concorde com as ofensas, e começa a refletir sobre sua morte, chegando a conclusão de que a morte do velho não era um destino tão distante e que tudo foi uma mera coincidência; sente que pode tirar a culpa de suas costas e analisa as medidas que ele queria tomar antes como um exagero, algo desnecessário, coisa de momento.

É possível perceber esse acomodamento de culpa apenas analisando a estrutura do texto, pois ele é como se fosse um desabafo, mas não com intuito de se redimir e se sentir menos culpado, e sim para bem próprio, com o objetivo de ir para o céu.

Registro em Quartetos

Analisando o percurso desse outro grupo, pude constatar que não houve apenas uma reflexão mais aprofundada, sobretudo quanto ao modo como o personagem vai acomodando a própria consciência. Também houve um cuidado com a expressão escrita, com a busca de um vocabulário mais refinado, que evidenciasse também essa reconstrução mais aprimorada. 

Conclusão das práticas de aprendizagem visível em sala de aula

Os registros sinalizaram o percurso de cada um e, mais uma vez, evidenciaram o seu grau de compreensão do texto e, sobretudo, o engajamento em relação à leitura. 

É claro que houve aqueles que, mesmo com todas as discussões e atividades, ainda se mantiveram alheios. Por outro lado, o fato de todo processo tornar visível o próprio pensamento dos estudantes, sem a preocupação em querer a validação do professor, do que poderia estar “certo” ou “errado” foi um convite a uma participação e a um buscar atribuir sentidos ao que leram e aprofundaram.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, Julia Pinheiro. Aprendizagens Visíveis. Experiências teórico-práticas em sala de aula. São Paulo: Panda Books, 2021.HATTIE, John. Aprendizagem visível para professores. Porto Alegre: Penso, 2017.

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